by Ellen Bass
The god of atheists won’t burn you at the stake
or pry off your fingernails. Nor will it make you
bow or beg, rake your skin with thorns,
or buy gold leaf and stained-glass windows.
It won’t insist you fast or twist
the shape of your sexual hunger.
There are no wars fought for it, no women stoned for it.
You don’t have to veil your face for it
or bloody your knees.
You don’t have to sing.
The plums that bloom extravagantly,
the dolphins that stitch sky to sea,
each pebble and fern, pond and fish
are yours whether or not you believe.
When fog is ripped away
just as a rust red thumb slides across the moon,
the god of atheists isn’t rewarding you
for waking up in the middle of the night
and shivering barefoot in the field.
This god is not moved by the musk
of incense or bowls of oranges,
the mask brushed with cochineal,
polished rib of the lion.
Eat the macerated leaves
of the sacred plant. Dance
till the stars blur to a spangly river.
Rain, if it comes, will come.
This god loves the virus as much as the child.
Ode ao Deus dos Ateus
O
deus dos ateus não te queima na estaca
não
arranca tuas unhas. Não te obriga a mendigar,
não
te obriga a castigar tua carne com espinhos,
comprar
folhas de ouro e janelas de vitral
não
insiste que controles
tua
sêde sexual
não
apedreja mulheres, não declara guerra
não
cobre a tua face em véus, não te
ensanguenta
os joelhos, não te obriga a cantar.
As
ameixas exuberantes da primavera
os
dolfinhos costurando o céu ao mar
as
pedrinhas, as samambaias
as
águas e o peixes
são
teus, acreditando ou não.
O
deus dos ateus não te recompensa
quando
a neblina se arranha
enferrujada
num vislumbre da lua
no
acordar de madrugada
tremendo
descalço nos campos.
Êsse
deus não se enternece com almíscar
do
incenso, com a cesta de laranjas
com
a máscara de cochinilha
come
a costela polida do leão.
Come
das folhas maceradas
da
palmeira sagrada. Dança
até
as estrêlas cairem no rio estrelado.
Chuva,
se vier, virá.
Esse
deus dos ateus ama o virus
e
ama a criança.
Ellen Bass