FESTA
Ah,
não me falem da energia, da política ou da economia,
não
quero mais as fórmulas da agricultura,
os
xizes, os ypsilons e os vês
da
produtividade no campo da soja, da cana de acúcar,
ou
mesmo da mandioca.
Que
não me venham com estórias da carochinha, americana ou européia,
essa
historia de vespas e marimbondos,
ingleses
e protestantes,
esta
ética purista, estas táticas de guerra,
êsse
contar de bombas.
Hoje
não considero pedido de papo, ocidental ou racional,
nesta
noite quente de quarta feira
tenho
poderes de imaginar
que
já é sábado (eterno sábado)
quando
as bruxas estão as sôltas.
Quando
podemos falar de coisas bem mais amenas,
podemos
parar e calar,
sem
tanta introdução,
por
exemplo,
nem
tanta sobriedade
Que
se dane a agricultura,
tôdas
as formulas preparadas para ela,
que
se dane o intelecto,
o
pensamento esvaziado
de
envolvimento emocional
Se
não te muda a vida,
se
não te toca na pele,
da
sensibilidade animal
porque
então
considerar-se
como opção?
E
que morram os políticos
profissionais
e do planejamento
e
que vivam os poetas,
os
loucos a solta
e
as crianças bem comportadas.
Carossel
de cavalinhos
nos
divertiremos muito nessa noite criança:
tocaremos
música de Satie
e
vamos pisar em ovos crus
(sem
vontade de quebrá-los)
Encontrar
todos os fantasmas
escondidos
dentro dos armários:
depois
aquarela de tom sôbre tom,
conotações
suaves,
desenharemos
sonhos,
Casinhas,
estradas,
plantações
de milho e cachoeiras.
todas
as formas, as linhas
mantendo
certa pureza,
certo
princípio.
Certo
gôsto abençoado
de
todos os começos:
certo
gôsto de aprendiz.
A
mágica de se não esperar muito
ou
de esperar muito
de
muito pouco
Pedacinhos,
Satie,
ovos crus,
com
clara, casca, gema e tudo.
Erica
Weick 10/1980
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