terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Borboletando na Mata - a saga da Mata Atlantica, acabando ou nao?

Cresci no meio da Mata e nem sabia. Essa Mata do Brasil chamada Atlântica, a famosa “Rainforest”, essa Floresta Tropical semi temperada que parece está sempre acabando.

Minhas melhores memórias da infância tem a ver com ela e com as montanhas minadas de Minas. Caçando ratão com meu Pai no meio do paiol de milho, me assustando com as aranhas e com as cobras venenosas, escorregando na lama pela montanha abaixo, me encantando com a construção da reprêsa onde aprendi a nadar no barro com os sapos e com as tilápias. Mais tarde, na adolescência as memórias me levaram para a costa leste do Espírito Santo e para o mar. De lá deixei o país pra trás.

Demorou tempo pra minha volta e pro meu amar de novo essa Mata que continuam me dizendo está desaparecendo. Saí da Mata aos vinte e três, fui ver o mundo, viajei, casei, trabalhei, vivi e mudei. Volto agora aos sessenta.

Mas como é que eu ia entrar pra dentro dela, pra dentro dêsse mato pra saber se ainda era preciso vigiar? Inventei fazer um jardim de borboletas...

A Passarada é uma fazenda linda de um precioso amigo meu, o Roberto e êle gentilmente me apoiou nessa aventura. A propriedade fica a meia hora da cidade de Piracaia, no nordeste do estado de São Paulo, a umas duas horas e meia de São Paulo. Isso se não chover. Um lugar alto com mata, cerrado e campos de pastagem. Habitada por gatos selvagens, e durante conversa de fogueira disseram que até apareceu um lobisomen. O melhor ponto de entrada pela Google Earth é a vila do Pião. O rio Atibainha passa por lá e o lugar tem duas nascentes.

Visitei por alguns dia em dezembro de 2007, voltei por uma semana em 2008 e dessa vez fiquei mais tempo. O lugar me dá arrepio de tão bonito.

Aos poucos vou compartilhando do que sabia, do que aprendi e aprendendo um pouco mais. Pra começar não tem livro de borboletas brasileiras, nem tem guia. De bom tem que agora êsse blogue está aberto, eu tenho uma máquina fotográfica nova e voltei a ter o costume de ler livros inteiros, enquanto esperava o momento perfeito pra fotografar mais uma borboleta. .

A Mata, bem, sou testemunha de que acabando ela num tá não. Sou testemunha da sua vitalidade e das pessoas que vivem com ela. O que certamente pode estar se acabando está vindo de fora dela.

O projeto das borboletas se desenvolve e toma fôlego mais ou menos como o vôo delas – é bastante efêmero.

E as borboletas continuam sendo sintoma, diagnóstico e remédio, tudo ao mesmo tempo.

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