sexta-feira, 14 de junho de 2013

ESTRANGEMENT

Estrangement























Because I move away far away
fly to foreign lands again and again

Because I wander every day inside strange markets
to pick collard greens and okra
cloth the color of rust and black
beans so blue they shine

Because I understand a bit of
every tongue spoken
in the dusky smoky places of my exiles

Because I fly from rooftops in moonlight
see colors and auras and rainbows
talk to plants and mosquitoes
mutter to myself in silence
when I walk city sidewalks
          and people turn around.

Because grandmother Saphronia
had her piano taken
and mother her words

Because of them most of all
because of me
the foreigner
the one who plays with words and antonyms

Because I must
I say yes
and I write.




Estranhamento

Porque viajo pra paises distantes
e me perco dentro dos mercados
na busca das couves e dos quiabos de
feijão preto brilhante que até vira azul

porque entendo palavra
de cada idioma sussurado
nas ruelas esfumaçadas de meus exílios
 
porque pouso de telhado a telhado  
no luar das auras e dos arco irises
falo com plantas e mosquitos
resmungo em silêncio
pelas calçadas populosas
as gentes prestando atenção

porque avozinha Saphronia
teve seu piano roubado
e a Mãezinha sua voz

porcausa delas
porcausa de mim
a estrangeira
que brinca de sinonimos e antonimos

porque preciso respirar
digo sim
e escrevo.

 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

THE PAINTED STICK








Hide and seek
or the painted stick on thanksgiving

Abandoned to this territorial beige,
in the geographies of my phases:

Indian Ocean treasures, Meaipe mica and the Chesapeake
Bay of Israel, pebbles of Saint Lucia and sand
thyme and maritime roses, lambs of diamonds
little tiny seeds
those of pine for us, those for the prairies
those late in season for the birds

great hide and seek positionings
green buffer zones inside my heart
constant search for mythological blues, ephemeral ponds
where the bull frog does not chant
where the salamander is savvy

the painted stick and I shiver and shake

awake like dogs in the trail under the willow oak
chameleons in gold, silver bronze of fancy dress
of change and of chance

(glitter and gliss of family dinner thanksgiving forgotten)

we remain,

and we travel first class
and a capella.





Esconde esconde
ou o graveto enfeitado no Dia das Graças

Abandonada ao beije dos meus territórios
nas geografias das minhas fases:

tesouros do oceano Indico, mica de Meaipe e a Baia de Chesapeake em Israel
seixos de Santa Lúcia areia
tomilho, rosas maritimas, carneiros em diamante cortados rente
sementes microscopicas
do pinho que lamenta por nós, dos campos
e as tardias no outono para os passarinhos

zonas verdes do corpo fechado
posições preferidas de esconde esconde
busca sem fim dos azuis mitológicos, poços efêmeros
onde o sapo não canta, a salamandra é rainha

o graveto enfeitado e eu
incendiados que nem cães na trilha
dos carvalhos chorões
camaleões de ouro, bronze prata
de vestido de festa
do acaso e da mutação

(brilho e gliss de almoço em família, dia das graças esquecido)

restamos 
no solo
viajando de primeira classe

terça-feira, 11 de junho de 2013

BRENDA


 
When Brenda dies
 
 
spiders scurry up floating webs

the barren earth opens
yellow cactus flowers bloom
underground
where she dies
green root tendrils climb to breathe

everywhere

light rays of brenda
sowing
five point star slowly
methodically mending teepees
weaving rainbows
in the desert skies

when Brenda dies

 

 

Quando Brenda morre

no suspenso das teias aranhas se escondem

a terra esteril desdobra
em flores de cactus amarelas
debaixo da terra
onde ela morre
brotos verde tenros ascendem no respiro
de todo lugar

raios leves de brenda
semeando
estrelas de cinco pontas devagar
metodicamente remendando tendas
tecendo arco irises
nos céus dos desertos

quando Brenda morre
 
 
Erica Weick

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A CIDADE DO ATACADO/ WHOLESALE TOWN


A Cidade do Atacado
                
Por debaixo das estatisticas dos tomates empilhados,
os melões, os pães
as prateleiras do cereal do açucar no sorvete
Mãe,
de onde a comida vem?

quieto filho
a comida vem

A comida vem de onde, mãe?
Vem de você?
            Lá de dentro do balcão?
            Lá da saca de farinha?

A comida
vem de fora
            vem do  mercado
            de João peão
            de Maria empregada

 A comida
vem de dentro dos cofres do atacado

Pois que se abram os cofres das flores cortadas
ricas dalias magnolias não nativas perfumadas
rosas de cabo longo
do cheiro de diesel
do gosto amargo das minas de sal, da cal
das pernas tortas nanicas de pó lisos cabelos pretos
suados de uniforme no intervalo de minuto para o almoço
no asfalto escaldado das periferias do atacado
na cidade de Baltimore

Filho,
A comida vem de titônias
de cosmos cor de vinho e ramalhadas de margaridas brancas
a comida vem de tortilhas amassadas a mão
cheiro de farinha dourada  ao ponto
manteiga doce e mel
pano branco na cabeça pra cobrir as eras nos cabelos longos
primeiro cebola e alho depois o tomate
ao fogo brando
pitada de cominho cilantro
só então pimenta vermelha e forte

timbre de cobre das risadas do carinho
 
 

Wholesale Town
Beneath the statistics of the stacked tomatoes,
the melons , the breads
the boxed shelves in cereal and the ice-cream

Mother?  where does the food come from?
Child, hush.

The food comes.

Does the food come from you, mother?
from behind the counter?
from inside the sacks of flour?

Food
comes from outside
from the market place

Food
comes from Juan the worker
food comes from Maria the maid
food comes from inside
the vaults of wholesale

Open up the vaults of cut flowers
Smell the diesel fumes
Grind the taste of salt mines, the lime
Dahlias rich magnolias scented non native
Long stemmed roses
Short legged dwarf dusty black straight haired
Hot and uniformed lunch break in the outskirts of the City
out in Baltimore Wholesale Town

Child,
food comes from orange tithonias
purple cosmos and white daisies by the bunch
Food comes from tortillas,
the smell of flour  fried to the point
Sweet butter and honey
White kerchief for long hair of seasons
Onions and garlic first then the tomatoes
In slow simmer
Pinch of cumin
Cilantro 
Then and only then chopped hot red peppers.

 Copper timbered giggles and touch.

HABITE-SE


Habite-se
 
Quando eu crescer
velha vou entrar dentro do corpo
engatinhar pelos corredores
da minha pele
 
Tecer dentre os meus tecidos
rever os preços, as justiças,
investir em moedas,
selar, reinventar
o mercado. Comer da carne
 
conquistar o fermento do oriente,
me divertir em vão na veia
dêsse pão,
 
Nêssa roda gigante
de riso do prazer da viagem
 
habitar as ilhas das minhas indonesias
das sombras
brocados, satins
vacas sagradas rubi
bufalos cor de ouro
lantejoulas brilhantes
teatros das indias
 
De leve colher a colheita
 
arvore cigana
da vida sem dono
lar do meu sonho
 

“In-habit the body”:
when I grow old
i will enter my body
crawl the corridors
inside my skin
frolic in vein
 
loom in textiles
review the prices, the fairness,
invest in coins
 
invent
the market place
 
in simmer the harvest
sample the meat
conquer the yeast
inhabit my indonesias
 
brocade, velvet burgundy
sacred cows
golden buffaloes
 
lantejouled Indian theatre
untamed tree of life
hometown of my dreams
in ferris wheel giggle
the pleasure of the ride.

by Erica Weick