segunda-feira, 25 de junho de 2012

DEJA VU


FESTA

Ah, não me falem da energia, da política ou da economia,
não quero mais as fórmulas da agricultura,
os xizes, os ypsilons e os vês
da produtividade no campo da soja, da cana de acúcar,
ou mesmo da mandioca.

Que não me venham com estórias da carochinha, americana ou européia,
essa historia de vespas e marimbondos,
ingleses e protestantes,
esta ética purista, estas táticas de guerra,
êsse contar de bombas.

Hoje não considero pedido de papo, ocidental ou racional,
nesta noite quente de quarta feira
tenho poderes de imaginar
que já é sábado (eterno sábado)
quando as bruxas estão as sôltas.

Quando podemos falar de coisas bem mais amenas,
podemos parar e calar,
sem tanta introdução,
por exemplo,
nem tanta sobriedade

Que se dane a agricultura,
tôdas as formulas preparadas para ela,
que se dane o intelecto,
o pensamento esvaziado
de envolvimento emocional

Se não te muda a vida,
se não te toca na pele,
da sensibilidade animal
porque então
considerar-se como opção?

E que morram os políticos
profissionais e do planejamento
e que vivam os poetas,
os loucos a solta
e as crianças bem comportadas.

Carossel de cavalinhos
nos divertiremos muito nessa noite criança:
tocaremos música de Satie
e vamos pisar em ovos crus
(sem vontade de quebrá-los)

Encontrar todos os fantasmas
escondidos dentro dos armários:
depois aquarela de tom sôbre tom,
conotações suaves,
desenharemos sonhos,

Casinhas, estradas,
plantações de milho e cachoeiras.
todas as formas, as linhas
mantendo certa pureza,
certo princípio.

Certo gôsto abençoado
de todos os começos:
certo gôsto de aprendiz.

A mágica de se não esperar muito
ou de esperar muito
de muito pouco

Pedacinhos,
Satie, ovos crus,
com clara, casca, gema e tudo.



Erica Weick  10/1980

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